o filme mais esperado do ano Assalto ao banco central!!!!!!!!!11
Uma Verdadeira Roubada! NOTA: 2,0 NOTA filme e extras: 8,0
"Assalto ao Banco Central" e "Segredos de um Funeral"
(Foto: Divulgação)
O fato foi cinematográfico. Em agosto de 2005 ocorreu o maior assalto a banco do mundo. Sem armas ou violência. Durante três meses, bandidos cavaram um túnel com inacreditáveis 84 metros que saía exatamente no cofre do banco. Foram cerca de três toneladas em dinheiro, que totalizaram absurdos R$ 164,7 milhões roubados do Banco Central de Fortaleza, Ceará. Sensacional, não é?
Mas o filme, que ficcionaliza os fatos e intitula a obra, Assalto ao Banco Central (Idem, 2011), o primeiro de Marcos Paulo, é uma verdadeira roubada, e entra na lista das piores produções do ano, fácil. A aposta é na fórmula tema polêmico, alguma violência, muito palavrão e sexo sugerido. O resultado é apenas ridículo.
O filme já começa apressado. A apresentação dos personagens é mais rápida que ligação de três segundos. Desenvolvimento, motivação, pra quê, não é mesmo?
A exposição da história é confusa, corroborada de uma maneira ainda mais forte pela edição cambaleante. Num momento há o recrutamento da equipe (ou da gangue) que irá roubar o banco. Depois passamos para a investigação, caímos nas prisões/interrogatório, retorna ao roubo, pula para as investigações... E ainda há a adição da trilha sonora quero-ser-temática, com os temas de suspense para a aparição do bandido (trash), os temas das perseguições (patéticas), os momentos das piadas (horrorosas). Tsc tsc.
Da parte da lei há Giulia Gam (ok), a investigadora de muita teoria, prática mínima, meio quero-ser-CSI, com pistas encaminhadas para laboratórios, e que se baseia em fórmulas e dados de computadores. Seu parceiro é Lima Duarte, um policial veterano que não cabe mais nas investigações tecnológicas de hoje. Um monstro da interpretação, Duarte sofre com um personagem construído em clichês, e que insiste em (tentar) emplacar bordões a cada frase disparada. Um horror.
Na verdade todo o texto (pobre) grita a necessidade de responder cada um dos seus diálogos com uma frase de efeito. Você escuta uma, e logo dá medo esperar a próxima. A vontade é tão absurda de encaixar as tais frases de efeito que TODOS os diálogos são forçadamente frases de efeito. Mas isso não quer dizer que consegue alcançar o tal efeito. Só se for o efeito contrário. O riso involuntário.
Se os personagens são caricaturas puras, suas atuações têm o mesmo efeito. Cortaz abraça o trash como Barão, em performance considerável. Já Eriberto Leão (Mineiro) e Heitor Martinez (Léo) patinam. O primeiro não demonstra pulso para um personagem forte, e acerta apenas no tom de malandro. O segundo se resume ao olhar maligno, meio fechado, e nada mais. Os talentosos Gero Camilo e Fábio Lago viram apenas alívios cômicos, infelizmente sem maior destaque. A outrora brilhante Hermila Guedes está apática ao tentar encarnar o padrão de ‘gato-véi’ do crime.
Escapam o excelente Tonico Pereira, como o doutor (engenheiro da obra) e o bom Vinícius de Oliveira, como um afeminado criminoso por acidente. Há pontas de Milton Gonçalves (o pastor), Antônio Abujamra (o personagem que passa as plantas para os bandidos, e que some do filme, sem explicações), Cássio Gabus Mendes (mafioso), Daniel Filho (advogado, que não tira os óculos escuros - bizarro) e boa participação de Juliano Cazarré, como o típico bruto cearense.
Há uma suposta tensão sexual entre Barão, Mineiro e a mulher do chefão. E até há uma cena que forçaram o ápice da tal tensão (inexistente), quando a moça desce ao túnel, de salto alto (!?), para fazer nada. Pois é. Ah, e o passado dos personagens não é explicado. O diretor Marcos Paulo tenta recriar algo meio Hollywood, ágil, mas fica só na tentativa mesmo. Não há ação, o texto é bizarro, seus tipos estereotipados e meio, e as situações são constrangedoras. A produção em si é boa (cenários, fotografia), mas sua realização é terrível e o resultado pavoroso.
São intermináveis 100 minutos, que parecem muito mais de duas horas. Procura ação? Tensão? Não encontrará nada disso aqui. Se o crime não compensa, o crime cinematográfico Assalto ao Banco Central, muito menos. Eriberto Leão solta uma das pérolas do longa, e, após o assalto bem sucedido dispara “nessas horas, dá o maior orgulho de ser brasileiro”. E eu respondo: de um filme como esse eu tenho é vergonha. Do filme, não de ser brasileiro.
INFORMAÇÕES ESPECIAIS:
Filmografia selecionada de Milhem Cortaz: Carandiru (2003); Através da Janela (2000); Domésticas (2000); Garotas do ABC (2004); Cabra Cega (2004); Nina (2004); O Cheiro do Ralo (2007); Tropa de Elite 1 e 2 (2007; 2010); Nome Próprio (2008);
Inédito e Imperdível
Pegue o tema (Funeral) e adicione umas das palavras genéricas mais usadas para filmes dramáticos (Segredos), e pronto, temos o título nacional para o ótimo Segredos de um Funeral (Get Low, 2009), inédito nos cinemas, mas já nas locadoras. A obra que poderia ter dado à Bill Murray um Oscar de coadjuvante, além de arrancar uma indicação para o soberbo Robert Duvall. Na trama, um ermitão (Duvall) que, após 40 anos de isolamento, se vê no fim e decide encomendar um funeral em vida – antes que seja tarde demais. Murray é quem vai organizar essa parada improvável, que ainda tem no elenco Lucas Black, como seu ajudante, e a veteraníssima Sissy Spacek como uma antiga paixão de Duvall. Além do drama, há ainda uns toques de humor (por vezes negro) e uma jornada de autodescoberta. Imperdível como filme, também apresenta extras bem interessantes, com os especiais Segredos Enterrados; Conhecendo os Personagens; No Tapete Vermelho; Ponto de Vista do Roteirista; Elenco e Equipe – Perguntas e Respostas; e Comentários de Robert Duvall, Sissy Spacek, do diretor Aaron Schneider e do produtor Dean Zanuck.
*Daniel Herculano é estudante de Jornalismo e um observador bem informado. Crítico de cinema formado em cursos com Ana Maria Bahiana (Uol/Globo de Ouro), Pablo Villaça (Cinema em Cena/OFCS), Ruy Gardnier (Jornal O Globo/Contracampo) e Joaquim Assis (Roteirista). Graduado em Comunicação Social, é publicitário, produtor musical e assessor de comunicação. Assina a coluna Listas em Cena no site Cinema em Cena (www.cinemaemcena.com.br) e dá dicas de cinema no programete #Cineminha na Beach Park FM 101.7.